Resenha: Battle Royale, Koushun Takami

10:36

Hoje a resenha será de Battle Royale, um dos melhores livros que eu li em 2015. Essa foi minha primeira experiência com um livro de autor japonês — e se todos os escritores orientais escreverem como Koushun Takami escreve, vou precisar ler tudo que esses japoneses já escreveram, de tão fascinante que é a escrita.

Em um país totalitário, o governo cria um programa anual em que uma turma de ensino fundamental é escolhida para participar de um jogo. Os estudantes são levados para uma área isolada, onde recebem um kit de sobrevivência com uma arma para se proteger e matar os concorrentes. Uma coleira rastreadora é presa no pescoço de cada um deles. O jogo só termina quando apenas um estudante restar vivo. Ao final do Programa, o vencedor é anunciado nos telejornais para todo o país. As regras do jogo foram criadas de maneira que não haja uma forma de escapar. E a justificativa da matança é mostrar para a população como o ser humano pode ser cruel e como não podemos confiar em ninguém — nem mesmo no nosso melhor amigo da escola.” – Sinopse oficial.



Uma sala do nono ano de uma escola do Japão é convocada a fazer uma excursão, porém algo dá errado. Todos caem num sono profundo dentro do ônibus e, quando acordam, estão numa sala de aula que ninguém conhece, vestido com uniformes que ninguém nunca viu e com uma coleira metálica que ninguém consegue tirar. Na frente da sala um representante do governo explica o que está acontecendo: eles estão participando do mortal Programa do governo, o Battle Royale. As regras são explicadas — cada um recebe uma mochila que contém uma arma aleatória (desde uma metralhadora a um talher), alguns suprimentos, a utilidade da coleira: um rastreador e um explosivo, caso quebrem alguma regra do Programa, e uma ordem: matem todos os seus colegas.
A ilha em que os 42 estudantes estão foi dividida em quadrantes e a cada momento, uma voz diz quais são os quadrantes proibidos e quem estiver lá enquanto eles estiver proibido, sua coleira explode e ele está fora do Programa.
A primeira coisa que todos pensam ao ver a sinopse e ao ler o livro é “já vi uma história como essa antes?!”, pois bem, a história se assemelha muito a Jogos Vorazes, porém um Jogos Vorazes mais brutal, cruel e sanguinário, mas com uma ênfase maior nas relações de amor e amizade entre os personagens colegas de sala. Isso é uma das principais coisas que senti falta em Jogos Vorazes e que a Suzanne Collins poderia ter focado mais. Outra coisa que eu apreciei em Battle Royale foi que o autor não se esquece de ninguém, todas as mortes são narradas do começo ao fim.

“Até ontem éramos todos amigos, mas hoje... matamos uns aos outros.”

Ainda que o livro seja o maior da minha estante, com 664 páginas, ele não é pesado de segurar, então o leitor não fica cansado de ficar segurando um livro tão grosso como esse enquanto lê por bastante tempo. Incrível também como passa tão rápido, você não percebe o tempo passando enquanto está imerso na leitura, e ainda lê muitas páginas em pouco tempo.
Tenho uma mania de leitura que é colocar post-its em frases que eu gosto no livro, e este foi o livro que eu mais marquei com post-it: dezessete post-its foram usados nele.



Uma coisa que eu tive dificuldade de acompanhar no livro foi os nomes dos personagens, pois são todos japoneses e ainda são 42 nomes para lembrar. Às vezes eu confundia os personagens que já haviam aparecido e outras vezes os personagens se chamavam pelo sobrenome, o que me atrapalhava um pouco para saber quem é quem. Mas a parte boa é que no começo do livro há uma lista de chamada dos estudantes, então se eu tinha alguma dificuldade em saber quem era quem, eu olhava nessa lista para saber. Outro ponto que eu gostei de fazer enquanto lia era anotar os nomes dos que morriam, para eu me atualizar durante a história. O livro trás também a quantidade de estudantes que restam vivos no fim de cada capítulo e isto ajuda, e muito, o leitor.

“Não devemos julgar outra pessoa apenas por rumores. Isso é uma atitude de gente de coração impuro.”

Battle Royale é muito bom em todos os sentidos. Eu amei ter lido ele e ter passado um tempo com todos os personagens. O livro passa muitas mensagens reflexivas que, às vezes, você até para de ler, fecha o livro e fica pensando no que o personagem disse e no que acabou de acontecer na história.
Battle Royale tem um filme baseado no livro. O filme não é muito bem feito, não tem muitos efeitos especiais, porém algumas coisas que acontecem no filme são até engraçadas, mas o filme é legal, interessante e bem fiel ao livro. O diretor conseguiu pegar os pontos principais da história e colocar em um filme. Se você não quiser receber spoilers sobre o livro, aconselho ler primeiro, assistir depois, vale muito a pena.
No fim, acho que, Koushun quis passar uma mensagem sobre o como o jovem japonês (e por que não adolescentes do mundo todo) vivem na sociedade, que eles travam uma batalha interna contra seus colegas e contra si mesmo todos os dias em busca da sobrevivência.

E você? Teria coragem de matar seus colegas de sala? Ficaria escondido até todos se matarem? Tentaria fazer com que todos fizessem as pazes e fugissem? Deixe um comentário falando sobre sua experiência com Battle Royale e o que você faria se estivesse participando desse cruel Programa do governo fascista japonês.
Obrigado pela sua atenção!


— Ricardo 

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10 comentários

  1. Vixe sinceramente não sei qual a minha posição, só se estivesse em um local dessa forma saberia o que fazer. Falar sem estar na situação é mais difícil e fácil de se comprometer dizendo algo que na verdade não faria. Creio que você gostaria de ler a série Gone de Michael Grant. Os livros que li até o momento são ótimos. Só que a amizade não é tão explorada quanto nesse livro. Não li jogos vorazes, mas se é pior que jogos vorazes em relação a mortes, credo! Já assisti o primeiro filme e se for pior que aquilo... mas, gosto de livros assim. Por agora não leria, devido a quantidade enorme de livros que tenho para ler, mas quem sabe no futuro.

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    1. Oi! Sim, eu acho muito difícil estar nessa situação, principalmente observando de fora; eu não saberia o que fazer. Em minha opinião, as mortes são relatadas tão cruelmente pois as vítimas conheciam seus assassinos, diferente de Jogos Vorazes que ninguém conhece ninguém. Eu me interessei pelo livro que você citou, quero lê-lo agora hahaha.

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  2. Eu já tinha vontade de ler esse livro, agora essa vontade aumentou muito. Fico imaginando como eu agiria em uma situação assim.

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    1. Ah, que otimo, fico feliz em saber disso. Siiim, do começo ao fim do livro fico me imaginando o que faria no lugar dos personagens. Obrigado pelo comentario!

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  3. Não tem como imaginar como agiria nessa situação, pois é algo tão fora da realidade. O pensamento inicial pode até ser não matar ninguém, mas a vontade de sobreviver pode levar as pessoas a cometerem loucuras.
    Esse livro está na minha meta de leitura para 2016, estou como grandes expectativas e espero que a minha experiencia seja tão boa como a sua.

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    1. É, no começo você tem esse pensamento e dá para acompanhar os personagens e como a mente deles evolui durante o Jogo. Obrigado!

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  4. Olá!!!
    Sua resenha está muito bem escrita e me deixou ainda mais na expectativa para ler o livro.

    Feliz 2016.
    Carla Fernanda
    http://livrosqueliblog.blogspot.com.br/

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    1. Muito obrigado pelo comentário! Feliz 2016 cheio de livros!

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  5. Hey!
    Sou fã de distopias,acho super interessante como pode ser criado um mundo onde as ações do ser humano são tão cruas e brutas.Fiquei super interessada em Battle Royale,acho que porque eu vi que a Suzanne tinha se inspirado nele kkk Ainda não li JV,ta na minha estante e logo o lerei e espero que goste.
    Battle Royale está na minha lista de desejados e espero me surpreender.. Tenho um livro na minha estante com 944 pags. haha é o meu maior!
    Bjos *--*

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    1. Sim, esse é o ponto que eu mais gosto nas distopias! Pode apostar que você vai gostar de BR. Esse livro de 944 páginas é do Stephen King? Porque ele tem muitos livros gigantes, eu li It de 1102 páginas e queria ler Under the Dome que é enorme também. Abraços!

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