Resenha: Homem-Máquina, Max Barry

10:00

Depois de perder uma perna em um acidente, a última coisa que eu iria pensar era em perder uma outra perna, mas como tem cada louco nesse mundo... Já podem imaginar o que acontecerá.




Homem-Máquina já pode ser considerado um clássico moderno, para mim, do autor Max Barry. Esse livro foi incrível e é sobre ele que irei falar hoje.

Charles Neumann é engenheiro e trabalha em um sofisticado laboratório de pesquisas. Ele não tem amigos ou qualquer tipo de habilidade social, mas ama máquinas e tecnologia. Por isso, quando perde uma das pernas em um acidente de trabalho, Charlie não encara a situação como uma tragédia, mas como uma oportunidade. Ele sempre achou que o frágil corpo humano poderia ser aperfeiçoado, e então decide colocar em prática algumas ideias. E começa a construir partes. Partes mecânicas. Partes melhores. A especialista em próteses Lola Shanks é apaixonada por membros e órgãos artificiais. Quando conhece Charlie, ela fica fascinada por ter encontrado um homem que parece capaz de produzir um corpo totalmente mecânico. Mas as outras pessoas acham que ele é um louco. Ou um produto. Ou uma arma. Em uma sátira sobre como a sociedade se tornou tão dependente da tecnologia, Homem-Máquina narra a estranha e divertida jornada de um homem em busca de aprimoramento.” — Sinopse oficial.




Título: Homem-Máquina
Autor: Max Barry
Gênero: Ficção Científica
Páginas: 284
Editora Intrínseca
Ano de Publicação: 2012





O Dr. Charles Neumann é um engenheiro super fascinado com tecnologia e máquinas, trabalha numa empresa muito promissora, porém não tem amigos, namorada, nenhuma habilidade social, muitíssimo antissocial. Um dia ele acorda e não encontra seu celular, seu mundo caiu. Logo nas primeiras páginas o autor já manda essa crítica na nossa cara. Ele acha que esqueceu o telefone na empresa e vai correndo buscá-lo e então finalmente o encontra próximo a uma máquina que estava utilizando no dia anterior. Totalmente anestesiado pela visão de seu celular, ignora a máquina ligada — uma grande prensa — e acaba tendo uma de suas pernas esmagada.
No hospital, depois de desistir da fisioterapia, a especialista em próteses Lola Shanks conversa com ele sobre qual prótese seria mais adequada. Totalmente fascinado com tecnologia e mecânica, Charles ignora as pernas que imitam a perna biológica e escolhe uma muito eficiente, porém sem agrado visual e totalmente diferente de sua perna biológica.
Depois de um tempo usando essa perna artificial ele começa a ter algumas dificuldades com sua perna biológica. Ele a acha muito ineficiente, comparada à prótese. Sua perna natural o atrapalha por vezes. Ele trabalha em vários aprimoramentos na sua prótese e por fim cria uma nova perna mecanizada, totalmente tecnológica e até mesmo futurista. Então uma nova ideia surge e vocês já devem saber qual é. “E se eu substituir minha outra perna por uma mecânica?”. O Dr. Charles resolve repetir o acidente, dessa vez de propósito, apenas para substituir seu membro inferior por um altamente tecnológico.
Todos da empresa o acham malucos por ter feito isso, mas ele sempre prioriza que o artificial é superior e acaba convencendo a todos da empresa, mudando a mente deles. E se além de perna, construíssemos partes melhores para quem precisa e até mesmo para quem não precisa? Uma lente ocular que aperfeiçoa sua visão, hormônios que melhoram pele, cabelos, músculos, membros artificiais...
Um livro muito complexo de ser explicado. Tantos pontos que uma coisa a mais seria spoiler ou poderia estragar uma surpresa... O resto, eu deixo com vocês.

“Fiquei me perguntando quando isso havia acontecido; quando tínhamos começado a fazer máquinas melhores que pessoas.”

O livro é repleto de críticas sociais, porém elas são bem sutis, o que não atrapalha a leitura. O autor simplesmente não joga uma crítica atrás da outra em cima de você, ele deixa pistas para elas e você vai notando aos poucos que isso e aquilo são críticas. Como por exemplo, uma teoria que eu fiquei pensando durante todo o livro, o paradoxo do navio de Teseu, que é, simplificando, se um navio, depois de um tempo, troca TODAS as suas peças originais que se desgastaram por novas, no fim, ele será o mesmo navio inicial? Um paradoxo que filósofos antigos e contemporâneos ainda discutem muito. Então eu acabava pensando, se uma pessoa tiver sua parte trocada por peças mecânicas ela será a mesma que era no início? Será o mesmo Charles Neumann? Lembrei muito do filme O Homem Bicentenário.
[Se quiser saber mais sobre o paradoxo do Navio de Teseu eu recomendo, acesse essa página na Wikipédia e esse artigo do Mundo Estranho]
O livro também traz muitas questões sobre o que seria certo ou errado nessas melhorias humanas. Será que tem um limite? Alguns dos personagens na trama acabam ficando malucos com o passar do tempo. Só lendo para entender o nível.
Apenas encontrei dois pontos negativos, um foi que o personagem não é apenas antissocial, ele é extremamente antissocial, a maior parte das perguntas é respondida com “sim”, “não” e coisas do tipo e dificilmente suas falas tinham mais de uma linha. Porém, mais para o final, o quadro muda um pouco ainda bem. O outro ponto é que quando o livro começa a se aproximar do fim, ele se torna confuso, em alguns momentos eu não entendia o que estava acontecendo. Mas todo o resto do livro e a mensagem que o Max Barry quer passar compensam, e muito, esses pontos.
Adorei essa temática Biológico × Artificial apresentada no livro, me interessei de mais. Achei muito legal também como esse efeito de “partes melhores” impacta nas pessoas e até mesmo do que elas são capazes com essas tecnologias em mãos.
Se não soubesse que esse livro era de 2012, poderia muito bem falar que é uma distopia clássica escrita por Huxley ou Bradbury, pois Homem-Máquina é muito nesse estilo e também a mensagem que passa é bem típica das distopias daquela época.

“Foi um sorriso pequeno, mas muito bonito, e pensei depois: esse momento perfeito, que não poderia ser aprimorado.”

Muito bom o livro e extremamente recomendado para quem gosta dessas temáticas, seja ficção científica, distopia clássica ou qualquer que seja, e para quem não gosta muito, é um ótimo livro para se pensar mais sobre os assuntos abordados. Acabei dando 4,5 estrelas no Skoob.

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Um abraço pra todos!

— Ricardo

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14 comentários

  1. Olá, tudo bem?
    Confesso que não sou fã desse gênero de livros, mas fiquei interessada no livro, adoro livros que contém críticas sociais, sendo ela sutil ou não.
    Beijos,
    teattimee.blogspot.com.br

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    1. Oi, Loysla! Tudo ótimo e você?
      Sim, pode acreditar, o livro é muito interessante. O autor conseguiu colocar a essência de uma distopia clássica, suas críticas e tudo o mais em um ambiente moderno e científico. As críticas são bem sutis, mas você consegue percebê-las muito bem.
      Bjs!

      -Ricardo

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  2. Que história legal, eu adorei o enredo e parece ser um ótimo livro.
    Art of life and books

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    1. Ah, e pode apostar que é sim. Tudo que é abordado no livro é bem legal.
      Bjs!

      -Ricardo

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  3. Olá!
    não conhecia mas ache o enredo bem interessante, obrigada pela dica e ótima resenha!
    abraço.
    Squad Of Readers

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    1. Oi, Micaela, tudo bem?
      Esse é um livro bem desconhecido mesmo, nunca ouvira ninguém falar sobre ele até falarem que ele estaria em uma super promoção na bienal hahaha
      Muito obrigado ^^
      Abraços!

      -Ricardo

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  4. Imaginei que teria críticas sociais assim que bati os olhos no título, e como bom acadêmico de Ciências Sociais não vou poder deixar de adicionar na minha listinha. Fiquei com muita vontade de ler, ainda mais depois de ler sua resenha.
    Sem falar que o cara na capa parece muito o Nietzsche e tenho por ele uma paixão que não dá para explicar aqui. kkkkk

    Amei a resenha, parabéns!

    Beijão,
    Higor.
    Sobre Livros

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    1. Oi, Higor!
      Hahaha SIM! Com Homem-Máquina como título, impossível não pensar em nada do tipo hahaha Pode adicionar sim, você não vai se arrepender, espero.
      Não havia reparado nisso, mas é muito a cara do Nietzsche, será alguma mensagem subliminar? Hahaha
      Muito obrigado ^^
      Abraços!

      -Ricardo

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  5. A leitura deve ser bem interessante. A premissa do livro é ótima e fiquei com vontade de ler.

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    1. Oi, Clayci!
      Com certeza é. Não fiquei um instante com tédio e a leitura me fluiu muito bem.

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  6. Fiquei bastante intrigada com a resenha. Me deu vontade de ler o livro.

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    1. Oi, Lu!
      Fico feliz em ter causado essa vontade em você. Pode ler, pois acho que você vai adorar.

      Bjs!

      -Ricardo

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  7. Menino, esse livro parece ser muito legal!! Adorei essa questão do homem tentando transformar-se em uma máquina, sem falar nas críticas sociais que tem tudo a ver com o momento que estamos vivendo com a tecnologia. Muito legal mesmo!
    Dica anotada!
    Bjs

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    Respostas
    1. Oi, Andrea!
      Fico feliz que tenha gostado tanto assim da premissa :D
      SIM! Eu amei as críticas, por isso acho que o livro poderia muito bem se passar por um distopia clássica, apenas pelas críticas e avisos sobre a tecnologia. Estou lendo outro livro do autor e estou adorando também.
      Bjs!

      -Ricardo

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