Resenha: Fahrenheit 451, Ray Bradbury

10:30

Antes de tudo, uma música para contextualizar:



Imagine que você está na sua sala lendo um livro calmamente em uma noite quando bombeiros invadem sua casa e, com uma mangueira de querosene em chamas, queimam sua estante e todos os seus livros. O pesadelo de todo leitor.

Oi gente, como vocês estão? Acabei de ler o livro Fahrenheit 451 e vim correndo escrever essa resenha para vocês. Fiquem com a resenha desse livro muito intrigante.

Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais.
Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.” — Sinopse oficial.




Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Gênero: Distopia, Clássico
Páginas: 215
Editora: Biblioteca Azul
Ano de Publicação: 1953





Guy Montag é um bombeiro, porém, nessa sociedade “futurística”, ele não apaga incêndios, porém os começa com a finalidade de queimar livros e apagar o conhecimento que eles disseminam.
Na época em que ele vive, todo o mundo é projetado para que ninguém pense. Tudo sempre tem que estar em movimento, carros acima de cento e cinquenta quilómetros por hora, telas gigantes na sala onde você assiste e participa de programas e eventos; um cidadão que sai para uma caminhada pode ir preso. Com todas essas limitações, onde entra o prazer de ler um livro? Isso mesmo, meu caro leitor, em lugar nenhum. Ninguém mais quer ler. Neste mundo onde toda a população é — e quer ser — alienada, ninguém quer filosofar sobre um livro. Então, você me pergunta, por que os bombeiros, inclusive Montag, queimam os livros restantes? Para divertir a população. Para que os pensadores que sobraram não se rebelem contra essa sociedade perfeita. As pessoas que tem os livros preferem morrer queimadas junto de seus preciosos do que viver sem eles.
Quando Guy parte a caminho do trabalho em uma noite, sua nova vizinha, Clarisse, uma jovem de dezessete anos, começa a conversar com ele. Ela é uma garota diferente de todos os outros jovens de sua idade. Clarisse é considerada “antissocial”, ela gosta de conversar e pensar, olhar para o céu noturno e observar e conversar com as pessoas a sua volta. Ao contrário dos sociáveis que apenas ficam sentados durante a aula sem poder falar nada ou correndo com seus carros super velozes sem tempo para pensar ou observar.
Essa garota toda animada e intrigante é um dos motivos que faz Montag pensar. Pela primeira vez ele parou para observar o céu e as pessoas. Outro motivo foi, numa noite de trabalho, uma mulher que queria ser queimada junto de seus livros. Isso despertou um sentimento estranho dentro de Guy. Então ele para e reflete sobre si e o mundo.

“Deve haver alguma coisa nos livros, coisas que não podemos imaginar, para levar uma mulher a ficar numa casa em chamas. Ninguém se mata assim a troco de nada.”

Mas não pense que Guy era como todos os outros alienados, ele já havia em sua casa alguns livros roubados e tinha muito interesse de lê-los. Seu encontro com Clarisse e a mulher com os livros em chamas só despertaram ainda mais esse sentimento no nosso bombeiro diferentão.
Sua mulher não é como ele, ela passa o dia inteiro ouvindo “notícias” em um aparelho no ouvido e assistindo e participando de programas e eventos nas telonas. Ela é como os outros alienados, não gostam de pensar, apenas não querem ficar parados, preferem ficar em intenso movimento. Montag, quando chega ao seu ápice de revolução interna, tenta convencer sua esposa a ler um pouco com ele e sair do mundo das telas e participar do mundo real.
Quando Guy e outros bombeiros vão atender um chamado e aquele descobre ser em sua própria casa, ele se rebela abertamente e foge para se encontrar com um antigo conhecido, um ex-professor, que juntos tinham planos para reimprimir e espalhar os livros para o mundo.
Será que Guy Montag vai conseguir se salvar? O plano de seu amigo pode dar certo? Só lendo para descobrir.

“Encha as pessoas com dados incombustíveis, assim, elas imaginarão que estão pensando, terão uma sensação de movimento sem sair do lugar. E ficarão felizes, porque fatos dessa ordem não mudam. Não as coloque em terreno movediço como filosofia ou sociologia, com que comparar suas experiências. Aí reside a melancolia.”

Neste mundo em que Montag vive está em pé de guerra, porém, todos sabem disso e ninguém liga. Qual o motivo? Não sei. O que vamos fazer? Não sei. Vou assistir à televisão. Vou junto. Isso foi uma das coisas que mais me surpreendeu, uma guerra está a um passo e todos vivendo normais. Apenas Montag se vê preocupado com a situação. Sua cidade está prestes a ser atacada e não há nada que ele possa fazer e ninguém dá bola para isso também.
No começo da obra, achei que Guy não tinha emoção em suas falas e ações. Como se a todo o momento ele estivesse entediado e “morrendo”, mas esse quadro vai se alterando com o desenrolar da trama. O bombeiro ganha emoção e parece que suas ações ganharam vida e deixaram de ser monótonas. Isso me deixou bem claro, foi um aspecto que curti no livro.
Outro ponto positivo do livro é que Bradbury não foca no mundo e nas tecnologias, apenas as cita uma vez ou outra, mas não é o ponto principal. O foco é a convivência das pessoas e como a população age sem a influência dos livros e dos pensadores em sua vida; apenas agindo e não pensando. Bradbury coloca no centro do holofote como um governo estável consegue se manter assim tirando livros da população, retirando qualquer ameaça intelectual de seu meio. O autor consegue mostrar muito bem como o ser humano é capaz de voltar na Idade Média ou no Nazismo em apenas um passo, onde qualquer “manifestação intelectual” tem que ser queimada. Enquanto o povo continua com seu Panem et Circenses não há problemas.

“Veja o mundo. Ele é mais fantástico do que qualquer sonho que se possa produzir nas fábricas.”

Bom, pessoal, no fim da leitura eu fiquei meio em dúvida sobre o que achar do livro, achei que ele foi muito bom, porém faltou um “tchan” a mais durante o desenvolvimento. Mas podem apostar que o final é bombástico. Acabei dando a nota final de 4 estrelas.
 Se você gostou dessa resenha, veja também a resenha de Admirável Mundo Novo aqui. Um livro com uma temática semelhante com este.

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Um abraço para todos que aqui estão ;)


— Ricardo

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18 comentários

  1. Me chamou muito a atenção essa resenha! Quero muito ler esse livro!

    bjs

    Amor por Livros

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    1. Oi!
      Que bom que pude despertar esse sentimento, se puder, o leia, pois é muito bom e reflexivo.

      Abraços!


      -Ricardo

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  2. Nossa preciso ler esse livro, a história para ser bem interessante me deixou super curiosa. Beijos ♥️

    BLOG LITERÁRIO 2

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    1. Olá!
      Fico feliz que pude dar esse gostinho de querer ler mais :3
      A história é muito boa, aposto que você irá gostar ^^

      Abraços!

      -Ricardo

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  3. Eu saía do planeta, mas não ficava sem livros não hahaha. Essa premissa de a sociedade ser regulada a não pensar me lembrou de Doador de Memórias, onde as pessoas enxergavam tudo em preto e branco e seguiam as ordens sem pestanejar, pois era isso que havia sido ensinado a elas, até que as lembranças guardadas a sete chaves passa a colorir a vida deles. Esses livros são complexos, originais e totalmente instigantes, né? Fiquei muito curiosa com Fahrenheit e o que está acontecendo com o mundo deles!


    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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    1. Hahaha bem isso, livro são vida. Sabe que eu não tinha pensado nessa semelhança? Mas pensando assim, faz sentido! Esses são os livros que valem a pena, originais e espetaculares. Leia pois é muito bom!

      Abraços!

      -Ricardo

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  4. Nossa, nunca tinha lido uma resenha deste livro embora o tenha na lista de leitura por ser uma distopia. Desde que li 1984 estou muito curiosa para ler as demais distopias clássicas. Achei legal o autor não focar nas tecnologias e focar na convivência, porque acaba sendo um diferencial.
    Achei sua resenha bastante completa e instigante. Com certeza aumentou ainda mais minha curiosidade.
    Beijos!
    Check-in Virtual

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    1. Olá, Lívia!
      Muito obrigado :3
      Eu ainda não li 1984, mesmo tendo muita vontade, mas um dia ainda o farei.
      Isso é muito legal, já que o que acontece nessa época é um plano de fundo para a história do bombeiro e não o oposto.
      Fico feliz que você tenha mais vontade de ler ^^

      Abraços!

      -Ricardo

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  5. Já ouvi falar bastante deste livro, e sua ótima resenha me fez ficar com ainda mais vontade de o le-lo. Essa realidade futurística tem muito a nos ensinar, assim como todas as distopias tem. Mas acredito que esta em especial é a que mais causa impacto entre nós, leitores.

    Abraços,

    Blog Decidindo-se \o/

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    1. Oi, Vinicius!
      Muito obrigado! Fico feliz ouvindo isso.
      Isso é verdade. Acho que todos deveriam ler distopias para entendermos o caminho que estamos levando e mudá-lo.
      Abraços!

      -Ricardo

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  6. Oi Ricardo!
    Essa é uma das minhas distopias favoritas e acho que é justamente pelo ponto de você ressaltou: não é sobre a tecnologia e sim sobre as pessoas, o convívio.
    A meu ver, é aquele tipo de livro mais reflexivo, então não ter tido esse algo a mais no final não me decepcionou. Mas entendo porque vc possa ter achado que faltou algo.
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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    1. Oi, Mariana!
      Esse, acho eu, é o ponto principal da obra: como as pessoas passaram a conviver nessa época.
      Concordo com você, esse é o livro que você lê mais para pensar.
      Abraços!

      -Ricardo

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  7. Oi Ricardo!! Já tinha lido algumas coisas sobre o livro e sua resenha está super detalhada! Gostei muito! Apesar da falta do tchan, eu tenho vontade de ler e conhecer a obra!

    Ah, sempre me esqueço do GFC! Mas já estou seguindo!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Oi, Mi! Tudo bem?
      Muito obrigado pelos elogios! :3
      Para mim ficou um sentimento que faltou algo a mais, mas para você, pode ser que dê super certo. Apesar dos apesares, a obra é super recomendada e especial!
      Hahaha sempre me esqueço também.

      Abraços!

      -Ricardo

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  8. Oi, Ricardo!
    Que bom que também gostou dessa leitura!!
    Eu amei!! Essa é uma das minhas distopias favoritas e o final de Guy é incrível e tão filosófico! Só amor por esse livro! =)
    Ótima resenha!
    http://olhoscastanhostambemtemoseufascinio.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Andrea!
      Achei muito interessante a distopia e acabei lendo em poucos dias.
      Gostei do final e tudo o que acontece com Guy, é tão plausível e nada de tão fantástico. Muito bom
      Obrigado!

      Abraços!

      -Ricardo

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  9. Oie, tudo bem?
    Ótima a escolha da música :D
    Não consigo nem imaginar um mundo sem livros, e isso me deixou bem curiosa para ler o livro.
    Que loucura, mas a verdade é que a cada dia que passa as pessoas ficam mais alienadas. Infelizmente.
    A resenha está fantástica, curiosa para saber o final do livro.
    Beijos!
    Leitura Nossa

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    Respostas
    1. Oi, Aline! Tudo bem e você?
      Hahaha obrigado! Achei que combina muito bem com o tema do livro.
      Impossível pensar em um mundo sem os queridinhos livros.
      Infelizmente é a verdade. As pessoas cada vez menos querendo pensar, apenas sentir que estão em "movimento"...
      E pensar que o autor pensou nisso a décadas atrás e isso está se concretizando...
      Muito obrigado! ^^
      O final é bem especial e reflexivo, acho que você irá gostar.
      Beijos!

      -Ricardo

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